Vitamina D pode ter efeito protetor contra a asma

A vitamina D, além das funções básicas no organismo, como o equilíbrio do cálcio e do fósforo, apresenta também efeitos sob o sistema imunológico, sendo relevante em algumas doenças respiratórias como asma e rinite, conforme Szymczak (2018). As afecções respiratórias atingem milhares de pessoas no mundo e, no Brasil, a asma afeta mais de 6 milhões de indivíduos – segundo dados do Ministério da Saúde. Mas quais os efeitos benéficos da vitamina D nessa situação? Continue lendo o post e saiba mais!

Asma

A asma é definida como uma doença heterogênea, caracterizada por uma inflamação crônica das vias aéreas, envolvendo falta de ar, dor torácica e tosse que variam com o tempo e a intensidade, conforme dados publicados na Global Initiative for Asthma (2016). As consequências da asma não controlada podem afetar negativamente a qualidade de vida dos indivíduos, bem como suas atividades sociais (RAJAKULENDRAN, 2018).

Incidência e prevalência

A asma é considerada um problema de saúde global e apresentou grande crescimento na década de 1960, segundo Shen (2018). De acordo com este mesmo autor, a asma afeta várias faixas etárias, demonstrando incidência ainda mais acentuada em crianças. Dados do Ministério da Saúde informam que no Brasil a asma atinge 6,4 milhões de pessoas, sendo mais prevalente em mulheres (3,9 milhões) em relação aos homens (2,4 milhões) e incidência de 20% em crianças. Além disso, cerca de 5 pessoas morrem diariamente por asma no país e ocorrem 120.000 hospitalizações anualmente pelas complicações decorrentes desta doença, segundo Cardoso (2017).
Já os dados da Global Initiative for Asthma (2016), mostram que o desenvolvimento da asma pode ocorrer devido a fatores ambientais, biológicos e sociológicos como nutrição, alérgenos (inalados e ingeridos), poluentes (fumaça ambiental e do tabaco) e micro-organismos. Além disso, a obesidade materna durante a gestação foi relacionada à incidência de asma na criança, de acordo com o trabalho de Forno et al. (2014).
Evidências epidemiológicas publicadas na revista Allergy (2012) relacionaram a deficiência de vitamina D ao risco de desenvolvimento de doenças respiratórias, incluindo a asma.

Qual o efeito da vitamina D na asma?

A vitamina D pode apresentar efeito protetor às doenças respiratórias como asma, bem como reduzir seus efeitos, conforme Paul (2012). Segundo Guinde (2010), a vitamina D é um nutriente essencial e com efeito imunomodulatório, atuando tanto no sistema imune inato quanto no adaptativo. Sua ação no sistema imune não está totalmente esclarecida, porém dados de Szymczak (2018) sugerem que a vitamina D reduz a expressão de proteínas relacionadas à liberação de substâncias inflamatórias pelo corpo (citocinas pró-inflamatórias), inerentes ao processo da asma. Além disso, os níveis adequados desta vitamina propiciam o aumento das células de defesa T regulatórias e de citocinas anti-inflamatórias como IL-10 (SZYMCZAK, 2016).
Gupta (2012) observou em seu estudo que a baixa concentração sanguínea de vitamina D em crianças pode estar relacionada a um maior risco de desencadeamento da asma ou a exacerbação dos seus sintomas. Em outro estudo, Niruban (2015), também chegou a conclusões semelhantes, ao evidenciar que o baixo nível plasmático de vitamina D (menos de 20 ng/mL) está relacionado ao elevado risco de asma em crianças e adolescentes.
A pesquisa publicada na revista Allergy (2016), envolvendo crianças em idade escolar no Japão, demonstrou o efeito positivo da suplementação de vitamina D, concomitante ao tratamento da asma, em 54 crianças tratadas versus 35 do grupo placebo (que não receberam a dose de vitamina D). Neste estudo, as crianças que receberam a vitamina D, juntamente com o tratamento padrão, apresentaram melhora significativa no controle da asma em relação ao grupo que não recebeu a vitamina (melhora de 34% vs. 12%, respectivamente).

Qual dose de vitamina D recomendada?

A dose de vitamina D pode variar de acordo com as necessidades do indivíduo (faixa etária, hábitos e estado de saúde). Por exemplo, grávidas e idosos podem requerer doses superiores de vitamina D em relação a um indivíduo adulto, portanto um médico deve ser sempre consultado. O desejável é que o nível desta vitamina no organismo esteja acima de 20 ng/mL, conforme determinado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, 2017). Valores entre 30 e 60 ng/mL são recomendados para grupos de risco, como: idosos, gestantes, pacientes com raquitismo, doenças inflamatórias, entre outros. Portanto, quando a dose de vitamina D não é obtida através da dieta e exposição solar, a suplementação é uma opção. Consulte seu médico para que ele possa avaliar a dose diária necessária de vitamina D para suprir as suas necessidades.

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ver Referências

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RAJAKULENDRAN M. et al. Novel strategies in immunotherapy for allergic diseases. Asia Pac Allergy. v.8, n.2, 2018.
SHEN et al. Early life vitamin D status and asthma and wheeze: a systematic review and meta-analysis. BMC Pulm Med., v.18,p. 120. 2018.
CARDOSO T.A. et al. Impacto da asma no Brasil: análise longitudinal de dados extraídos de um banco de dados governamental brasileiro. J Bras Pneumol. v.43, n.3, p. 163-168. 2017.
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Ministério da Saúde, Governo Federal.
GLOBAL STRATEGY FOR ASTHMA MANAGEMENT AND PREVENTION, 2016.
SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Vitamina D: novos valores de referência. 2017.