Você conhece as causas e consequências da obesidade infantil?

A obesidade infantil é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um desafio de saúde pública, sendo definida como um “acúmulo anormal ou excessivo de gordura e que apresenta riscos à saúde”. Hábitos alimentares e vida sedentária podem aumentar os riscos de sobrepeso e obesidade (BANFIELD, 2016). Mas quais as suas causas e consequências da obesidade infantil? Continue lendo o post e saiba mais!

Causas

A OMS diz que o sobrepeso e a obesidade são amplamente evitáveis, assim como as doenças que elas podem acarretar (como diabetes e doenças cardiovasculares). A obesidade infantil ocorre a partir de vários fatores que incluem genética, ambiente no qual as crianças estão inseridas (família, escola) e hábitos diários como a prática regular de exercício físico, alimentação e sono, conforme Kumar (2017).

Fatores ambientais

Alterações emocionais como angústia e tristeza estão associadas a um maior risco de ganho de peso em crianças. Como forma de suprimir as emoções negativas, muitas delas acabam comendo mais – diz o estudo publicado na revista Obesity Reviews (2014). De acordo com os autores, esses distúrbios internos podem causar uma sobrecarga psicoemocional resultando em efeitos indutores de ganho de peso, como estresse crônico, desregulação do apetite, inflamação de baixo grau e até mesmo redução do metabolismo basal.
Atualmente, o ambiente dinâmico da sociedade resultou num aumento do consumo calórico através de alimentos como lanches, doces, fast-foods contendo excesso de gordura, grandes porções e alimentos com alto índice glicêmico (BANFIELD, 2016). Além disso, o consumo de bebidas açucaradas (incluindo suco de frutas e refrigerantes), foi sugerido como um importante contribuinte para o desenvolvimento da obesidade em crianças (MALIK, 2013). Todo este cenário tem sido chamado de ambiente “obesogênico”.
Cabe destacar outras causas propostas para a obesidade infantil, como: fatores gestacionais, tamanho do bebê ao nascer, amamentação, uso de antibióticos, alterações da microbiota intestinal, alterações no sono e sedentarismo (KUMAR et al., 2017).

Fatores genéticos

A genética parece estar intimamente relacionada à obesidade. Em torno de 25% à 40% do IMC (Índice de Massa Corporal) é hereditário, ou seja, passado de pais para filhos (ANDERSON, 2006). Segundo o estudo de Kumar (2017), se um dos pais for obeso, isto eleva em 2 a 3 vezes o risco de incidência de obesidade na criança. Porém, se ambos os pais forem obesos, este risco sobre para até 15 vezes.
Algumas desordens genéticas, como mutações nos receptores de melanocortina-4 e leptina (hormônio que avisa o cérebro quando você já comeu o suficiente), parecem estar relacionadas à obesidade, conforme Dubern (2007). Dentre as síndromes que acarretam em obesidade, a de Prader-Willi é a mais comum, levando a criança à hiperfagia (sensação constante de fome) e hipotonia (fraqueza muscular) (KUMAR, 2017).

Fatores metabólicos

O ganho de peso devido causas endócrinas são identificadas em menos de 1% das crianças e adolescentes obesas, segundo Reinehr (2007). De acordo com o autor, as desordens endócrinas que podem causar o ganho de peso incluem hipotireoidismo, deficiência do hormônio do crescimento e pseudo-hipoparatireoidismo do tipo 1a.

Fatores Medicamentosos

Diversos medicamentos podem contribuir para o ganho de peso, como: corticoides; antipsicóticos, incluindo risperidona e olanzapina e medicamentos anticonvulsivantes (KUMAR et al., 2017).

Consequências

A obesidade infantil pode afetar profundamente a saúde física e a desenvoltura  social da criança, bem como afetar a sua saúde emocional, prejudicando a sua autoestima e autoconfiança, conforme Sahoo (2015). Este autor salienta ainda que, a obesidade nessa idade, pode acarretar em baixo desempenho escolar e menor qualidade de vida da criança.
Para Kumar (2017), o aumento da prevalência de obesidade entre as crianças está associado ao aparecimento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemias (colesterol alto) e apneia do sono. Além disso, pode resultar em cálculos biliares, intolerância à glicose, resistência à insulina, asma e anormalidades menstruais (SAHOO, 2015). Essas condições eram predominantemente encontradas em indivíduos adultos, todavia, hoje, são muito prevalentes em crianças obesas.

Como diagnosticar?

O diagnóstico da obesidade é realizado por profissionais da saúde especializados, como médicos ou nutricionistas, com base nas medidas corporais, exames e cálculo do IMC considerando a idade da criança (Z-IMC). A Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) disponibiliza gratuitamente uma ferramenta de cálculo do Z-IMC de crianças em www.abeso.org.br.

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ver Referências

SUSAN et al. The Young Child with Severe Obesity: Commentary on the Characteristics of a Vulnerable Population and a Framework for Treatment. Childhood Obesity, v.14, n. 7, 2018.
KUMAR et al. Review of Childhood Obesity: From Epidemiology, Etiology, and Comorbidities to Clinical Assessment and Treatment. Mayo Clin Proc. v. 92, n.2, p.251-265.2017.
BANFIELD EC et al. Poor adherence to US Dietary Guidelines for children and adolescents in the National Health and Nutrition Examination Survey population. J Acad Nutr Diet., v.116 n.1, p.:21-27.2016.
SAHOO K. et al. Childhood obesity: causes and consequences. J Family Med Prim Care., v.4, n.2, p. 187–192. 2015.
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MALIK V.S. Sugar-sweetened beverages and weight gain in children and adults: a systematic review and meta-analysis. Am J Clin Nutr., v.98, n.4, p.1084-1102, 2013.
HEMMINGSSON E. A new model of the role of psychological and emotional distress in promoting obesity: conceptual review with implications for treatment and prevention. Obes Rev. v. 15, n.9, p.769-779.2014.
REINEHR T. Definable somatic disorders in overweight children and adolescents. J Pediatr, v.150, n.6,p.:618-622, 2007.
DUBERN B. et al. Homozygous null mutation of the melanocortin-4 receptor and severe early-onset obesity. J Pediatr., v.150, n.6, p.613-617, 2007.
ANDERSON P.M et al. Childhood obesity: trends and potential causes. Future Child.,v.16, n. 1, p.19-45. 2006.
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).