Folatos e sua influência na Saúde Mental

Os folatos são importantes para manutenção da saúde, visto que participam do desenvolvimento das células, como as células sanguíneas e imunológicas, bem como ajudam no crescimento dos cabelos e unhas. Além disso, são essenciais na gestação por evitarem malformações no bebê, como defeitos no tubo neural, espinha bífida e anencefalia. Mas você sabia que os folatos podem ainda influenciar na saúde mental? Continue lendo e saiba como!

Folatos e a demência

Devido ao aumento da expectativa de vida da população, é provável que os casos de comprometimentos cognitivos aumentem em todo o mundo, segundo Clarke (2014). Conforme Sommer (2003), a falta das vitaminas B12 e ácido fólico na dieta também foi sugerida como hipótese de exacerbar os sintomas de demência em indivíduos suscetíveis (maiores de 65 anos). Além disso, a menor ingestão calórica, assim como a reduzida absorção intestinal, são as principais causas de deficiência de folatos em idosos, segundo De Benoist (2008).

Sintomas e estudos

A demência se caracteriza por grave comprometimento da função cognitiva, perda significativa e progressiva da memória, bem como funções intelectuais comprometidas, levando à incapacidade de desenvolver tarefas diárias e viver de maneira independente (CLARKE, 2006). As funções cognitivas como memória, velocidade de raciocínio e função executiva reduzem  com o passar do tempo, podendo esse fenômeno ser mais rápido em algumas pessoas e resultar em doenças como demência e Alzheimer (MAYEUX, 2010).
Um estudo acompanhou 479 indivíduos saudáveis de 75 anos durante 2,5 anos e verificou que 23% dos pacientes que desenvolveram Doença de Alzheimer (DA) apresentavam também reduzidos níveis séricos de folatos (<8,7 nM) – atribuindo a deficiência dessa vitamina à um fator de risco para esta patologia (FISCHER, 2008). Níveis elevados de homocisteína (um aminoácido tóxico produzido pelo metabolismo das proteínas) no plasma foram observados em doentes com risco de desenvolver Alzheimer – sugerindo que a suplementação com ácido fólico poderia reduzir o risco da doença nesses pacientes (SOMMER, 2003).  Os níveis plasmáticos de homocisteína também apresentam relação com a atrofia do lobo temporal de pacientes com DA – indicando que a suplementação desses indivíduos com ácido fólico também poderia ser benéfica – segundo Clark (2006). Da mesma forma, Balk (2007) sugere o benefício da suplementação com ácido fólico para pessoas com comprometimento cognitivo e níveis séricos de folato inferiores a 3 ng / mL (<6,8 nmol / L).
Embora vários estudos sugerem que os níveis baixos de folatos estão associados à demência (particularmente DA), ainda é pouco elucidado se a deficiência de folato é uma causa ou uma consequência da doença (ARAUJO, 2015).

Folatos e a depressão

A depressão apresenta prevalência global estimada entre 5% – 8% da população, sendo mais comum entre indivíduos acima de 65 anos de idade (15%) e com demência – conforme COPPEN (2005).  Além disso, a doença atinge cerca de 50% dos pacientes com DA, conforme Pathy (2012). A depressão é caracterizada quando o indivíduo apresenta, ao menos um dos principais sintomas (por pelo menos 2 semanas), como humor deprimido ou falta de interesse na maioria das atividades, juntamente com sentimentos de inutilidade ou culpa, diminuída capacidade de se concentrar, agitação, insônia, alterações de peso ou apetite (PATHY, 2012).
Sintomas e estudos
Os sintomas depressivos são as manifestações neuropsiquiátricas mais comuns devido a deficiência de folatos – segundo Alpert (1997). Conforme o autor, cerca de 40% dos adultos diagnosticados com transtornos depressivos apresentam deficiência desta vitamina. Embora sejam limitados os números de estudos com associação direta da vitamina B9 com o risco de depressão na população, a literatura sugere que a deficiência de folatos pode estar de fato associada ao desenvolvimento da doença. Por exemplo, estudo holandês demonstrou que 17% dos indivíduos deprimidos com média de idade de 73 anos, apresentavam hiper-homocisteinemia, sendo que 44% apresentavam deficiência de vitamina B12 e 19% deficiência de folato (<11,4 nM) em comparação ao grupo controle (TIEMEIER, 2002).
Dados de Almeida (2008) relacionam a deficiência de vitamina B9 (folato) e de vitamina B12 ao maior risco de desenvolvimento de depressão. Além disso, foi sugerido que a suplementação com essas vitaminas poderia auxiliar no tratamento ou prevenção dos sintomas (TAYLOR, 2004). Além disso, uma meta-análise de Almeida (2015) sugere a redução significativa da severidade dos sintomas da depressão após suplementação com vitamina B12 e ácido fólico, à longo prazo.
Conforme dados publicados na revista “British Journal of Psychiatry” (2014), o efeito positivo do ácido fólico, vitamina B12 e B6 na prevenção de recaídas do transtorno depressivo foi significativo após 12 semanas de suplementação. O benefício destas vitaminas na redução do aparecimento dos sintomas da depressão, sugere uma prevenção seletiva – segundo Ford (2008). Além disso, os baixos níveis de folato foram associados à piora na resposta aos medicamentos antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como a fluoxetina (COPPEN, 2000).
Sendo assim, a deficiência de folatos parece estar associada à desordens neuropsiquiátricas e pode interferir na saúde mental à longo prazo. Todavia, a suplementação com vitaminas deve ser supervisionada por um profissional da saúde.  Portanto, lembre-se de consultar seu médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de suplementação.

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ver Referências

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