Vitamina D na gravidez pode reduzir risco de transtornos neurobiológicos nas crianças

Transtornos neurobiológicos são cada vez mais comuns na infância e geram dificuldades de aprendizado e relacionamento. Tais transtornos iniciam geralmente na infância, podendo perdurar na vida adulta acarretando dificuldades e desafios. Mas você sabia que a nutrição da mãe durante a gravidez pode ajudar a evitar o desenvolvimento desses transtornos na criança? Continue lendo o post e confira os efeitos protetores da vitamina D contra o desenvolvimento de transtornos a nível cognitivo, comportamentais e psicomotores nas crianças.

Como a vitamina D na gestação influencia nos transtornos neurobiológicos na criança?

A deficiência de vitamina D é um problema de saúde re-emergente em nível global – sendo ainda mais relevante no período gestacional. As funções biológicas dessa vitamina incluem equilíbrio do cálcio e, na gravidez, sua importância está relacionada ao maior nível de absorção intestinal desse mineral e ao aumento da sua necessidade pelo feto.
Recente meta-análise publicada na revista Advances in Nutrition (2018) reúne estudos e evidências que sugerem o efeito protetivo da vitamina D para evitar o desenvolvimento de Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Na revisão, estudos epidemiológicos evidenciaram valores baixos de vitamina D circulante em crianças com TDAH quando comparado a crianças sem essa desordem. Com base nos dados analisados, os autores sugerem a influencia positiva da vitamina D durante a gestação e que a deficiência desta está associada com maior probabilidade de TDAH.
Um estudo envolvendo 487 grávidas, realizado na Grécia por Daraki e colaboradores (2018), avaliou funções cognitivas das crianças aos 4 anos de idade, nascidas dessas mães. Como resultado, observou-se que as crianças nascidas de mulheres cuja ingestão de vitamina D era adequada tiveram 37% menos sintomas de hiperatividade e impulsividade e 40% menos sintomas de TDAH.
Segundo Morales e colaboradores (2015), os fatores nutricionais da mãe durante o período gestacional, como a ingestão de vitamina D, podem melhorar o desenvolvimento neuropsicológico e habilidades da criança, como a linguagem, o mental e o psicomotor. Além disso, o autor também defende que a dose adequada dessa vitamina durante a gestação pode reduzir o risco de desenvolvimento de TDAH na infância. Morales atribui o efeito antioxidante e anti-inflamatório da vitamina D como protetivo para o cérebro humano contra desenvolvimento dessas desordens psiquiátricas como TDAH.
Na mesma linha de pesquisa, segundo Strom e colaboradores (2014), estudos em animais sugerem que a deficiência de vitamina D influencia nas alterações do desenvolvimento cerebral do animal recém nascido, como diferenciação neuronal e tamanho craniano. Entre os seres humanos, além das desordens comportamentais já citadas, o autor traz a falta de vitamina D como contribuinte para desordens afetivas, bem como o atraso na fala da criança.

Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Segundo estimativas mais recentes, o Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atinge cerca de 5,3 % das crianças e 3,4 % adultos no mundo, conforme Polanczyk e colaboradores (2007). O TDAH se caracteriza pelos sintomas de dificuldade de concentração, hiperatividade e impulsividade.  Embora não haja exame específico para TDAH, o diagnóstico geralmente é realizado através de análise clínica dos sintomas, observação e entrevista com a criança pelo médico especialista. As causas de TDAH permanecem ainda pouco elucidadas, todavia alguns fatores genéticos (polimorfismos) e ambientais (nutrição) parecem estar relacionados com a sua maior predisposição, como a deficiência de vitamina D durante o período gestacional.

Como obter dose adequada de vitamina D?

No Brasil, a ANVISA preconiza a dose diária de 5 mcg de vitamina D para as gestantes. Todavia, se a ingestão dessa vitamina através da dieta ou exposição solar não suprirem as necessidades no período gestacional, a suplementação pode ser uma alternativa. Converse com seu médico e saiba qual a melhor indicação para seu caso.

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ver Referências

KHOSHBAKHT Y., BIDAKI R., SALEHI-ABARGOUEI A. Vitamin D Status and Attention Deficit Hyperactivity Disorder: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies. Adv Nutr v.9, p.9–20, 2018.
DARAKI V. et al. High maternal vitamin D levels in early pregnancy may protect against behavioral difficulties at preschool age: the Rhea mother-child cohort, Crete, Greece. Eur Child Adolesc Psychiatry, v.27, n.1, p.79-88. 2018.
POLANCZYK G., DE LIMA M.S., HORTA B.L., BIEDERMAN J., ROHDE L.A. The worldwide prevalence of ADHD: a systematic review and metaregression analysis. Am J Psychiat v.164, n.6, p.942-948, 2007.
MORALES E. et al. Vitamin D in Pregnancy and Attention Deficit Hyperactivity Disorder-like Symptoms in Childhood. Epidemiology, v.26, n. 4, 2015.
STROM M. et al. Vitamin D Measured in Maternal Serum and Offspring Neurodevelopmental Outcomes: A Prospective Study with Long-Term Follow-Up. Ann Nutr Metab. v.64, p.254-261, 2014.
MITHAL A. et al. Global vitamin D status and determinants of hypovitaminosis D. Osteoporosis International, v.20, n.11, p.1807-1820.2009.
MITHAL A and KALRA S. Vitamin D supplementation in pregnancy. Indian J Endocrinol Metab. v. 18, n. 5, p. 593–596. 2014.
ANVISA. REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE INGESTÃO DIÁRIA RECOMENDADA (IDR) PARA PROTEÍNA, VITAMINAS E MINERAIS Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/